Parábola do amigo inoportuno
Parábola do amigo inoportuno
A Parábola do
amigo inoportuno faz refletir sobre o poder do pedir, da súplica, da prece e
obter, do buscar e achar, do bater à porta e abrir a oportunidade de servir
para quem precisa de auxílio, compreendendo o valor da perseverança, da
insistência, da intercessão de terceiros, da amizade, da solidariedade, da fraternidade
e da vontade.
Essa Parábola está no contexto do Evangelho de Lucas
(11: 1-13), depois de Jesus
ensinar os discípulos a rezar o Pai Nosso (Lucas, 11: 1-4) e antes do “pedir,
buscar e bater à porta” (Lucas, 11: 9-13).
Cairbar
Schutel em “Parábolas e Ensinos de
Jesus” comentou: “Jesus, para melhor exaltar a imaginação de seus
discípulos e fazer-lhes compreender a ação da prece, após haver-lhes ensinado o
modo de orar, julgou de bom alvitre fazer a exposição da parábola começando a
comparação com os amigos e concluindo-a com os pães”.
E
acrescentou: “a parábola do amigo importuno é, pois, a excelente parábola em
que o Espírito bom tem a sua primazia. É claro que, se o nosso pai é incapaz de
nos dar uma serpente quando lhe pedimos um peixe, Deus, que é nosso Pai
Espiritual, não nos pode dar um Espírito ignorante, atrasado, quando lhe
pedimos um Espírito bom”.
Do Evangelho de Lucas:
“Se um de vós tiverdes um amigo e fordes
procurá-lo à meia-noite e lhe disserdes: amigo, empresta-me três pães, porque
um amigo meu acaba de chegar à minha casa de uma viagem, e nada tenho para lhe
oferecer: e se do interior o outro lhe responder: não me incomodes; a porta
está fechada, eu e meus filhos estamos deitados, não posso levantar-me para te
dar, digo-vos: embora não se queira levantar para lhas dar, por ser seu amigo,
ao menos por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães
precisar. E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate,
abrir-se-lhe-á. Qual de vós é o pai que, se o filho pedir um peixe, lhe dará em
vez de um peixe uma serpente? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora se
vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais o vosso
Pai Celestial, que dará um bom Espírito aos que lho pedirem.” (Lucas 11: 5-13)
Trata-se de uma alegoria de situação conflituosa, no
contexto do poder da oração, do “pedir, buscar e bater à porta” e da
Providência divina por intermédio de bons Espíritos, cujo enredo foca o pedido
de ajuda a um amigo, em momento inoportuno, pela hora tardia, diante do
esgotamento dos seus recursos, querendo resolver o problema de uma terceira
pessoa que lhe busca o concurso fraterno, conseguindo com que a porta se abra,
mediante a sua insistência e perseverança, obtendo o amparo de ações amigas.
Várias questões para reflexão: o poder do pedir e
obter; o buscar e achar; o bater na porta para que ela se abra; a ação dos bons
Espíritos; e o valor da amizade, da solidariedade, da fraternidade, da
perseverança e da intercessão.
Destaque para a intercessão em benefício de
terceiros na busca de auxílio, diante do esgotamento dos nossos recursos,
porquanto ela representa ato de fraternidade e constitui a emissão de forças
benéficas e iluminativas.
É imprescindível que o homem aprenda a pedir
caminhos de libertação e de força para vencer a escuridão da perdição; a buscar
o bem legítimo, com esforço e trabalho edificante; e a bater na porta da
edificação para obras luminosas, com vistas à felicidade espiritual e ao amor
eterno.
Assim, a Parábola do amigo inoportuno
está em um contexto próprio do poder da oração, do buscar a interseção e da
Providência divina por intermédio de bons Espíritos.
Não basta
pedir, temos que buscar, bater e insistir, ou seja, temos que fazer a nossa
parte. Com esses imperativos, Jesus exortou-nos a orar e a confiar em Deus, na
certeza de que Ele não deixará de atender às nossas necessidades, materiais ou
espirituais, desde que façamos a nossa parte, diligenciando por obtê-las.
Muitos acham,
equivocadamente, que Deus tudo fará por nós sem os nossos esforços e sem as
nossas súplicas. Demonstram que não compreenderam as promessas do Evangelho.
Na prece
do “Pai Nosso”, oramos para que seja feita a vontade de Deus, mas, na prática,
queremos que Deus faça a nossa vontade.
Ninguém
busca o sofrimento, pelo contrário, nossa vida resume-se numa constante busca
pela felicidade. Se sofremos e não queremos sofrer, precisamos buscar a causa
do sofrimento para podermos evitá-lo.
Precisamos
buscar o nosso vínculo com o criador, por meio da prece, em que receberemos
auxílios por intermédio de Espíritos intercessores.
Algumas interpretações da Parábola
exaltam os valores da verdadeira amizade, da perseverança, da importunação pela
insistência e da intercessão por terceiros, contudo podemos agregar outros
ensinamentos relacionados à oração e ao tipo de porta a recorrer para pedir
ajuda, se a estreita da salvação ou a larga da perdição.
Se realmente queremos algo de bem, devemos
bater na porta estreita e insistir para obter, achar e abrir. Pela insistência,
na busca de ajuda a quem pode auxiliar, mediante pedido nobre, obteremos,
encontraremos e a porta será aberta.
A interseção por terceiros representa
ato de fraternidade para com aqueles que necessitam do nosso auxílio, por isso devemos
buscar e proporcionar a ajuda.
Tudo o que pedirmos em oração,
receberemos o que é necessário para a nossa evolução moral e espiritual, sendo
que nem sempre coincidirá com aquilo que desejamos. Daí, a importância no saber
pedir, pois pela petição não deixaremos de carregar a cruz da evolução e do progresso
moral.
Com os esclarecimentos expostos, passamos
a compreender a Parábola do amigo inoportuno e o caráter amoroso e paternal de
Deus, retratado por Jesus pelo poder da oração, do pedir, do buscar e do bater
à porta, pela interseção e pela Providência divina mediante a intervenção dos
bons Espíritos.
Não basta pedir para que Deus nos atenda
prontamente. Ele sabe o que é melhor para nós, o que nos convém e necessário
para o nosso progresso moral e espiritual, em função do interesse mais alto que
atende ou deixa de atender às nossas súplicas.
O que Ele nunca deixará de conceder,
quando lhe pedimos, é a coragem, a paciência e a resignação para bem
suportarmos, pela fé, e removermos as montanhas de dificuldades da nossa existência,
com o amparo e a proteção dos bons Espíritos, a fim de sustentar-nos e
preservar-nos de novas quedas, se de fato estivermos desejosos de voltar ao
caminho do bem.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
CALLIGARIS,
Rodolfo. Parábolas Evangélicas à Luz
Espiritismo. 11ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2019.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier;
coordenação de Saulo Cesar Ribeiro da Silva. O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Mateus.
1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
EMMANUEL
(Espírito), na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Pão Nosso. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA,
Marta Antunes de Oliveira. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II. Orientações
espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto
religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

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