Parábola dos talentos
Parábola
dos talentos
Vamos falar sobre as Parábolas dos talentos
que tratam dos bens e recursos concedidos por Deus à Humanidade, com a
finalidade de fazê-la progredir material, intelectual e moralmente.
Dos Evangelhos de Mateus e Lucas:
“Porque isto é
também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e
entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a
outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e
granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou
também outros dois. Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o
dinheiro do seu senhor. E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e
ajustou contas com eles. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e
trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: senhor, entregaste-me cinco talentos;
eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles. E o seu senhor lhe disse: bem
está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei;
entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois
talentos, disse: senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei
outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: bem está, bom e fiel servo. Sobre
o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas,
chegando também o que recebera um talento disse: senhor, eu conhecia-te, que és
um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e,
atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: mau e negligente servo; sabes que
ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, ter dado o meu
dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os
juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a
qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o
que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores;
ali, haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus, 25: 14-30)
“Ouvindo eles isto prosseguiu Jesus e
propôs uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém e pensaram eles que o
Reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente. Disse, pois: certo homem
ilustre foi para um país longínquo, a fim de obter para si o governo e voltar.
Chamou dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: negociai até eu
voltar. Mas os seus concidadãos o odiavam, e enviaram após ele uma embaixada,
dizendo: não queremos que este homem nos governe. Quando ele voltou, depois de
haver tomado posse do governo, mandou chamar os servos, a quem dera o dinheiro,
a fim de saber como cada um havia negociado. Apresentou-se o primeiro e disse: senhor,
a tua mina rendeu dez. Respondeu-lhe o senhor: muito bem servo bom, porque
foste fiel no mínimo, terás autoridade sobre dez cidades. Veio o segundo,
dizendo: senhor, a tua mina rendeu cinco. A este respondeu: sê tu também sobre
cinco cidades. E veio outro dizendo: senhor, eis a tua mina que tive guardada
em um lenço; pois eu tinha medo de ti, porque és homem severo, tiras o que não
puseste e ceifas o que não semeaste. Respondeu-lhe: servo mau, pela tua boca te
julgarei. Sabias que sou homem severo, que tiro o que não pus e ceifo o que não
semeei; por que, pois, não puseste meu dinheiro no banco? E então na minha
vinda o teria exigido com juros. E disse aos que estavam presentes: tirai-lhe a
mina e dai-a ao que tem as dez. Responderam-lhe: senhor, este já tem as dez.
Declaro-vos que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas o que não tem, até aquilo
que tem lhe será tirado. Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram
que eu os governasse, trazei-os aqui e matai-os diante de mim.” (Lucas, 19: 11-27)
Os talentos “devem ser utilizados sob
a forma de diferentes tipos de trabalhos e esforços que cabe ao homem
desenvolver. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e
desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na
satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as
grandes verdades morais”. (Allan Kardec: O Evangelho Segundo o Espiritismo)
Na Parábola, o senhor representa Deus e
os servos a Humanidade, em que cada ser encontra-se em diferente grau de
evolução intelectual, moral e espiritual.
Os talentos são os bens e recursos que a
Providência divina nos outorga para serem empregados em benefício próprio e de
nossos semelhantes. O que foi emprestado será
devolvido no momento do ajuste de contas perante o Senhor. Não se leva para o
plano espiritual; fica no plano terrestre.
O tempo concedido para a sua utilização
é a existência terrena, porquanto ao retornarmos para o plano espiritual esses
bens e recursos serão devolvidos à divindade, pois eles são como empréstimos.
A distribuição dos talentos em
quantidades desiguais nada tem de arbitrária ou injusta, baseia-se na
capacidade de cada ser, adquirida em outras jornadas evolutivas, antes da
presente encarnação. Somos filhos de Deus e
o Pai reparte os seus dons com todos. A uns dá mais, a outros dá menos, sempre
de acordo com a capacidade de cada um.
Na Parábola, o Senhor faz a distribuição
de oito talentos entre três servidores, de modo que um tem cinco talentos,
outro dois e outro um. Não há privilégios e nem exclusões. Cada qual não teria
razão de queixar-se da sorte e tampouco reclamar da situação em que se encontra
diante do que possui se entendesse os seus deveres, conforme os preceitos da
Lei divina. Somos depositários fiéis dos talentos divinos, mesmo aqueles que se
julgam miseráveis e mendigam a caridade pública.
Os talentos são para garantir o
progresso atual e ajudar a construir a morada futura, porque a experiência
terrena não é mais que uma etapa para fazermos as aquisições dos tesouros
libertadores da alma, os quais levaremos em nossa bagagem evolutiva.
Jesus ensina que os bens concedidos pelo
Pai, tudo aquilo que necessitamos, são para ser gerenciados de acordo com a
capacidade e as possibilidades de cada um, pois a bondade e a misericórdia divinas
fornecem em cada experiência reencarnatória as bênçãos necessárias ao reajuste
espiritual.
Os servidores que receberam os talentos
representam três diferentes categorias evolutivas de Espíritos. Os que receberam
cinco talentos são Espíritos mais experimentados e vividos, que aqui reencarnam
para missões de repercussão social. Os que receberam dois, são destinados a
tarefas mais restritas, de âmbito familiar. Os que receberam um não têm outra
responsabilidade senão a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos,
mediante a aquisição de virtudes que lhes faltam.
Os servidores incluídos nos dois primeiros
grupos corresponderam à confiança do Senhor. Demonstraram responsabilidade
perante as dádivas recebidas, agindo com diligência, bom senso, trabalho e
dedicação, de sorte que conseguiram duplicar os benefícios que lhes foram
confiados.
O terceiro depositário não seguiu o
exemplo dos demais. Portador de personalidade inibida e temerosa, imatura e
descompromissada, não soube utilizar, como deveria, a concessão celeste.
Representa os homens que usam mal os dons recebidos do Pai Celestial.
O servidor que enterrou o talento tentou
justificar o seu mau procedimento, dizendo-se atemorizado. O servo negligente
atribuiu ao medo a causa do insucesso em que se infelicitou. Recebera as mais
reduzidas possibilidades de ganho. Contara apenas com um talento e temera lutar
para valorizá-lo.
A maioria das pessoas, no estágio atual
de evolução, procede de forma similar, daí a necessidade das inumeráveis
reencarnações como processo reeducador. Há muitas pessoas que se acusam pobres
de recursos para transitar no mundo como desejariam e recolhem-se à ociosidade,
alegando o medo da ação. São tomados pelo medo de trabalhar, servir, fazer
amigos, desapontar, sofrer, da incompreensão, medo da alegria e da dor.
Agarram-se ao medo da morte e confessam o medo da vida. Transformam-se,
gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
Se receber mais rude tarefa no mundo,
não se atemorize à frente dos outros e faça dela o seu caminho de progresso e renovação.
Por mais sombria que seja a sua estrada diante das circunstâncias, enriquece-a
com a luz do seu esforço no bem, porque o medo não servirá de justificativa
aceitável no acerto de contas com o Senhor.
Todo aquele que diligência por
corresponder à confiança do Senhor, receberá auxílio e proteção para que possa
aumentar as virtudes que possui. O esforço desenvolvido lhe proporciona
existências futuras mais tranquilas, livres de expiações.
Aquele que não se esforçar para
acrescentar alguma coisa àquilo que recebe da misericórdia divina, expiará, em
futuras reencarnações de sofrimentos, a incúria, a preguiça, a má vontade de
que deu provas, quando se verá privado até do pouco que teve, por empréstimo.
Muitos amontoam posses exteriores, buscando
ilusória evidência, sendo imobilizados pelo medo e tédio, até que a morte lhes
reclama a devolução do próprio corpo.
Não devemos esquecer da condição de
usufrutuário dos bens concedidos e aprender a conservar no próprio íntimo os
valores que levaremos. Restituímos à vida o que ela emprestou em nome de Deus, mas
os tesouros espirituais ganhos, no campo da educação e das boas obras, serão
somados à bagagem de nossas existências evolutivas, pois os talentos simbolizam
os infinitos recursos divinos, disponibilizados pelo Criador Supremo em prol do
nosso progresso espiritual.
O ajuste de contas é momento da aferição
de valores que cedo ou tarde nos alcança. A nossa
missão justifica-se pelas obras realizadas. Não há como fugir dessa
avaliação divina. Neste sentido, os planejamentos reencarnatórios têm como base
essa aferição, a análise dos resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo
Espírito em cada etapa de aprendizado.
Serão existências marcadas por provas e
expiação, em que o indivíduo estará submetido ao jugo da lei de causa e efeito.
Há dois mil anos, o Supremo Senhor
enviou ao mundo seu filho dileto e representante, cuja doutrina sábia,
consoladora e ungida de amor é a única capaz de salvar a Humanidade.
Derrama o tesouro de amor que o Pai
Celestial lhe situou no coração, através das bênçãos de fraternidade e
simpatia, bondade e esperança para com os semelhantes e serás, invariavelmente,
a criatura realmente feliz, sob as bênçãos da Terra e dos Céus.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Da 3ª Edição francesa. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2019.
MOURA,
Marta Antunes de Oliveira. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II. Orientações
espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto
religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

Comentários
Postar um comentário