Parábola do poder da fé
Parábola
do poder da fé
Essa Parábola analisa o poder da fé e o esforço para desenvolvê-la, porquanto estes
são imprescindíveis para a evolução moral e espiritual do ser humano.
“Quando Ele veio ao encontro do povo, um
homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem
piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no
fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o
puderam curar.
- Jesus respondeu, dizendo: ó raça
incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?
Trazei-me aqui esse menino.
- E tendo Jesus ameaçado o demônio, este
saiu do menino, que no mesmo instante ficou são.
Os discípulos vieram então ter com Jesus
em particular e lhe perguntaram: por que não pudemos nós outros expulsar esse
demônio?
- Respondeu-lhes Jesus: por causa da
vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de
um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daí para ali e ela
se transportaria, e nada vos seria impossível.”
(Mateus, 17:
14-20)
“Disseram, então, os apóstolos ao
Senhor: acrescenta-nos a fé.
E disse o Senhor: se tivésseis fé como
um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: desarraiga-te daqui e planta-te
no mar, e ela vos obedeceria.
E qual de vós terá um servo a lavrar ou
a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: chega-te e assenta-te à
mesa? E não lhe diga antes: prepara-me a ceia, e cingete, e serve-me, até que
tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, dá graças ao
tal servo, por que fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós,
quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis, porque
fizemos somente o que devíamos fazer.” (Lucas, 17: 5-10)
Nessa
Parábola, Jesus ensina que a fé tem o poder de remover as montanhas de dificuldades,
resistências e a má vontade com que se deparam os homens, mesmo que a fé seja do
tamanho de um grão de mostarda.
Os
preconceitos, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as
paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que bloqueiam o caminho a quem
trabalha pelo progresso da Humanidade.
Cairbar
Schutel, em a “Parábola do grão de mostarda”, acerca da comparação da fé ao
grão de mostarda, esclarece que: “o grão de mostarda serviu duas vezes
para as comparações de Jesus: uma vez comparou-o ao reino dos Céus; outra, à
fé. O grão de mostarda tem substância e uma semente faz efeito revulsivo. Essa
mesma substância se transforma em árvore; dá, depois, muitas sementes e muitas
árvores e até suas folhas servem de alimento. Mas é necessária a fertilidade da
terra, para que trabalhe a germinação, haja transformação, crescimento e
frutificação do que foi semente; e é necessário, a seu turno, o trabalho da
semente e da planta no aproveitamento desse elemento que lhe foi dado. (...) A
fé é a mesma coisa: parece-se com um grão de mostarda quando já é capaz de
‘transportar montanhas’, mas a sua tendência é sempre para o crescimento, a fim
de operar mudança para campo mais largo, mais aberto, de mais dilatados
horizontes. A fé verdadeira estuda, examina, pesquisa, sem espírito
preconcebido, e cresce sempre no conhecimento e na vivência do Evangelho de
Jesus”.
Assim, a fé,
como uma semente de mostarda, precisa ser acolhida em solo fértil, germinada,
desenvolvida, crescer, produzir folhagens e, somente depois, dar frutos. Os
frutos serão bons se a árvore for boa. Os frutos serão ruins se a árvore for
má.
Por
conseguinte, a fé não é adquirida de uma hora para outra, pois exige esforço,
dedicação e perseverança. A fé faz brotar a confia em Deus, no seu amor e na
providência, conhecendo os nossos limites e a capacidade de superar os
obstáculos à nossa evolução. Aquele que confiança em Deus nada teme, pois
compreende que é instrumento da vontade divina.
Não se transfere
a fé a Espírito alheio como se fosse um bem material, porque isso compete a
cada um nós. A fé não se prescreve e muito menos se impõe. Ela se adquire e
ninguém está impedido de possuí-la.
Cairbar
Schutel, em “Salvação pela fé”, esclarece que “a fé não se compra nos
templos de mercadores, nem nas feiras; não se dá por esmola, nem se adquire por
herança. (...) Todas as graças tem Deus concedido aos homens menos a fé! (...)
E por que assim acontece? Porque a fé não se adquire sem estudo, sem trabalho,
sem o exame-livre, sem o exercício do livre-arbítrio”.
Logo, não compete
à fé procurar-nos, mas sim irmos ao seu encontro. Quem pede obtém, quem procura
acha e quem bate à porta ela se abre. O processo de aquisição da fé é trabalho árduo,
diário e persistente. Não se pode desanimar perante as dificuldades, pois a dor
e o sofrimento educam, oferecendo oportunidades para se abrir as portas da fé.
Por outro
lado, a fé necessita de uma base no que se deve crer. Somente a fé inabalável
pode encarar de frente a razão. A fé robusta dá perseverança, energia e
recursos que fazem vencer os obstáculos. Da fé vacilante resultam a incerteza e
a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater.
A fé
estacionária não é produtiva, e se abala às menores contrariedades ou
provações.
Além disso, fé
sem obras é nada! Por isso, revelemos a nossa fé pelas nossas obras.
Se movidos
pelos desejos de renovação em nossas vidas, de uma reforma íntima, pelos
caminhos da fé cristã, a direção a seguir é a de Jesus para chegar ao Pai. Mas,
para isso, há que se tomar uma decisão na vida e tomar um novo rumo.
No caminho da
verdade e da vida, poderemos desfrutar das bem-aventuranças do reino dos Céus,
da verdadeira felicidade, da felicidade do Espírito, da paz interior, na busca
da felicidade que não é deste mundo. Para isso, há que se ter fé e começar a
caminhar.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
MOURA,
Marta Antunes de Oliveira. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II.
Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo
do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
1ª Edição. Matão/SP: Gráfica da Casa Editora o Clarim, 1928.

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