Parábola da rede
Parábola
da rede
Essa
reflexão vai tratar da Parábola da rede que fala do momento de mudanças que a
humanidade terrestre deverá passar decorrentes da lei de progresso, do
surgimento de uma Nova Era, ou mundo regenerado, símbolo de uma sociedade mais
feliz, justa, pacífica, amorosa e fraterna. Ao invés de anunciar o fim, revela
o começo de uma nova fase de evolução espiritual e planetária da Terra.
“Igualmente, o reino dos Céus é
semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes. E,
estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os
bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão
os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de
fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus, 13: 47-50)
Com
dito, a Parábola cuida do fim de um ciclo evolutivo da Humanidade, dos tempos
de um mundo velho, com o desaparecimento de tudo que é contrário à moral, à
justiça e à lei de Deus, com o surgimento de um mundo novo sob a égide da
verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, da equidade, do amor, da
paz e da fraternidade universal.
Allan Kardec, em “A Gênese”, no Capítulo
XVIII, em “São chegados os tempos”, assim comenta o atual momento de transição
planetária:
“São chegados os tempos, dizem-nos de
todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar
para regeneração da humanidade. (...)
A humanidade tem realizado, até o
presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência,
chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das
ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso
progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a
fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não
poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições
antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes para um
estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje
um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens
necessitam, mas de elevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruir
tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho.” (Allan Kardec. A Gênese)
A rede da Parábola representa a lei do
amor inscrita por Deus nas consciências humanas, como uma potência da alma, e
os peixes de todas as espécies apanhados por ela são os homens, considerados individual
ou coletivamente, de todas as raças e credos, que serão julgados de acordo com
as suas obras, porquanto a fé sem obras nada vale.
A rede lançada ao mar oferece os meios
necessários para evoluirmos. São elementos que se bem aproveitados e aplicados,
poderão sustentar o Espírito em sua ascensão para novos patamares de progresso.
Uma vez adquiridos os valores
evolutivos, a rede é puxada para dar início ao esforço seletivo. As conquistas
dos tesouros celestiais são vitórias espirituais que fazem ascender mais um
degrau na escada evolutiva. Os apegados aos bens materiais, aos sentimentos
inferiores e à prática do mal serão “lançados fora” no mar da existência, para
que ocorram as devidas retificações pelo fogo reparador determinadas pela lei
de causa e efeito.
Apesar das transformações que a Ciência
tem proporcionado à Humanidade, ela precisa progredir também pelo
desenvolvimento do senso moral e do abrandamento dos costumes. As convulsões
físicas e morais que assolam o planeta são indicativas da existência de um
estado de transição que a humanidade passa.
As redes do Evangelho há muito foram
lançadas, conduzindo-nos a perseverar, resistir e manter fiel aos ensinamentos
e aos exemplos do Cristo.
Diante das lutas e dos débitos
contraídos, uma vez estabelecido novo roteiro de vida, será imprescindível
pedir caminhos de libertação para afastar a escuridão dominante, buscar o bem
legítimo e bater à porta da edificação, empreendendo o esforço necessário para
transformar os recursos da vida terrestre em obras luminosas.
A hora de recolher a rede e selecionar
os peixes bons significa a consumação dos séculos, o fim de um período e início
do outro, marcados pelas inevitáveis transições.
Para reinar o bem na Terra, necessário será
excluir os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe
perturbações.
Como na Parábola do joio e do trigo, Deus
permitiu que eles aí permanecessem o tempo que precisavam para melhorar. Mas,
chegado o tempo de a Terra ascender na hierarquia dos mundos, os Espíritos renitentes
na prática do mal serão exilados para mundos inferiores, como foram os de outrora
para a Terra, os da raça adâmica.
Jesus presidirá essas transformações
auxiliado pelos seus servidores diretos, os Espíritos puros, citados como
“anjos” na Parábola. Esses prepostos celestiais contam com o apoio de Espíritos
esclarecidos, benfeitores e entidades amigas que, assumindo missões e
compromissos, como encarnados ou desencarnados, saberão aliviar dores,
administrar perturbações e conflitos.
O Espírito Cairbar
Schutel, no livro “Parábolas e
Ensinos de Jesus”, esclarece mais:
“O fim do mundo é o característico dos
tempos em que estamos, destes tempos em que a própria fé é encontrada com muita
dificuldade nos corações; tempos em que a lealdade, a sinceridade, a verdadeira
afeição, o amor, a verdade, andam obscurecidas nas almas; tempos de discórdias,
de ódios, de confusão tal, que até os próprios ‘escolhidos’ periclitam.
Entende-se por escolhido aquele que,
pela vivência cristã, já se libertou em grande parte do reino do Mundo; não
obstante periclita, ainda pode cair, donde advertência do apostolo Paulo: ‘aquele
pois que cuida estar em pé, olhe não caia’ (I Coríntios, 10:12).
É o fim do mundo velho, é o advento do
mundo novo; é uma fase que se extingue para dar lugar a outra que vem nascendo.
Não é o fim do mundo, como alguns o têm
entendido, mas, sim, o fim dos costumes com os seus usos, suas praxes, seu
convencionalismo, sua ciência, sua filosofia, sua religião. É uma fase do nosso
mundo, que ficará gravada nas páginas da História com letras indeléveis,
encerrando um ciclo de existência da Humanidade e abrindo outra página em
branco mas trazendo no alto o novo programa de Vida. (...)
Os que conhecem o amor e não têm amor;
os que exigem a lealdade e a sinceridade, mas não as praticam; os que clamam
por indulgência e não são indulgentes; os que anunciam a humildade, mas se
elevam aos primeiros lugares, deixando o banco do discípulo para se sentarem na
cadeira do mestre; todos estes, e ainda mais os perjuros, os convencionalistas,
os tíbios e os subservientes, não poderão ter a cotação dos bons, dos humildes,
dos que têm o coração reto, dos que cultivam o amor pelo amor, a fé pelo seu
valor progressivo, e trabalham pela Verdade para terem liberdade.” (Cairbar Schutel. Parábolas e Ensino de
Jesus.)
Nesse momento de transição planetária, o
“pranto” e o “ranger de dentes” induzem os Espíritos endividados perante a Deus
e si mesmos suportarem as provações e as expiações amargas, que exigirão o
esforço necessário, abraçando as oportunidades de limpar o coração, iluminar a
alma, praticar o bem e servir seguindo as pegadas do Mestre Jesus no caminho da
verdade e da vida em direção ao Pai.
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
MOURA,
Marta Antunes de Oliveira de. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I. Orientações
espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo do aspecto
religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
1ª Edição. Matão/SP: Gráfica da Casa Editora o Clarim, 1928.

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