Parábola da festa das bodas
Parábola
da festa das bodas
A
Parábola da festa das bodas, segundo Rafael Lavarini no livro “Parábolas de
Jesus à Luz da Doutrina Espírita”, está no contexto da “última parábola
antes do Sermão Profético, que foi o discurso final de Jesus, pouco antes do
martírio. Por isso, a história nos fala em um convite, que foi feito diversas
vezes ao Festim das Bodas do Filho (Jesus) de um Rei (Deus) para pessoas
diferentes e em momentos diferentes. Tendo ao final de tantos chamados, alguns
escolhidos”.
Do Evangelho de Mateus:
“Falando ainda por parábolas, disse-lhes
Jesus: ‘o Reino dos Céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas
de seu filho, despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido
convidados; estes, porém, recusaram-se a ir. O rei despachou outros servos com
ordem de dizer da sua parte aos convidados: ‘preparei o meu jantar; mandei
matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas’.
– Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de
campo, outro para o seu negócio. Os outros pegaram dos servos e os mataram,
depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. Sabendo disso, o rei se tomou de
cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes
queimou a cidade.
Então, disse a seus servos: ‘o festim
das bodas está inteiramente preparado; mas os que para ele foram chamados não
eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos
quantos encontrardes’. – Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os
que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se
puseram à mesa.
Entrou, em seguida, o rei para ver os
que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial
disse-lhe: ‘meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial?’ O homem
guardou silêncio. Então, disse o rei à sua gente: ‘atai-lhe as mãos e os pés e
lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes,
porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos’. (Mateus,
22: 1-14)
Rafael Lavarini esclarece que: “a Parábola foi narrada no momento em que o Cristo
encontrava-se em Jerusalém, com pessoas ligadas a raça judaica. Por isso,
veremos tantas simbologias, que precisam ser decifradas para o melhor
entendimento do leitor. Os termos: casamento, bodas e núpcias caracterizavam a
aliança entre o homem e Deus. Portanto, o Festim das Bodas é uma festa que
simboliza uma comunhão entre a criatura e Criador”.
O “rei” é Deus, criador de todas as coisas do
Universo, e o “filho” para o qual as bodas foram preparadas é Jesus. Os
“servos” são os seus enviados, Espíritos guardiões e as “iguarias” simbolizam
as lições do Evangelho, os ensinos espirituais que satisfazem, fortalecem o
corpo e vivificam o Espírito, porquanto os discípulos do Mestre encontrarão
farta provisão de bens para suprir todas as suas necessidades de fome e sede
espirituais.
O estado de plenitude espiritual (reino dos
Céus) é o convite para todos os seres humanos, sendo que a forma de atingir a
perfeição espiritual, por meio de uma festa de casamento, é a união com Jesus,
guia e modelo da Humanidade.
No primeiro convite, o rei apenas determinou a
ida dos seus emissários para chamar os primeiros convidados para as bodas, que
eram os hebreus, sem fornecer muitos detalhes da festa devido à evolução
espiritual daquele povo, ao momento em que estes recusaram. Essa ocasião faz
lembrar da primeira revelação por intermédio de Moisés. Os emissários desse
primeiro convite foram os profetas, cujas palavras quase não foram escutadas e
as suas advertências desprezadas.
O segundo convite do rei pede aos servos que
expliquem aos convidados o cardápio do banquete e os detalhes do grande
acontecimento. Os profetas e mensageiros fizeram os convites mais claros aos
judeus, anunciando-lhes a vinda do Messias. Contudo, esses convidados
preferiram cuidar de suas vidas, absorvidas pelas coisas terrenas, conservando-se
indiferentes às coisas celestiais. Inclusive, muitos dos servos desses convites
foram martirizados e mortos.
Depois do segundo convite, o rei tomado de
cólera pelo que fizeram com os seus servos, mandou “contra
eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade”.
No último convite, o rei ordena convidar a
todos, pobres, ricos, ignorantes e sábios para terem acesso à Boa Nova e não
tão somente os povos dos primeiros convites.
Assim, durante as nossas existências, Deus sempre está nos chamando para
sermos cidadãos de seu reino, batendo à porta, porquanto o reino de Deus ainda
não é deste mundo, mas a cegueira e a surdez seletiva, aliadas ao orgulho, ao
egoísmo e às escolhas decorrentes do nosso livre-arbítrio, funcionam como uma
barreira para as coisas de Deus.
O Mestre
Jesus ensina que dia virá em que o reino de Deus será deste mundo. Isso
dar-se-á quando os homens forem regenerados pela verdade na estrada do
progresso e da fé, com a reforma íntima, a renovação, o despertar, a libertação
e a salvação do Espírito.
Jesus
representa a verdade que a humanidade tem condição de assimilar, implantando o
reino de Deus dentro de cada um, a fim de que num futuro possa transformar a
Terra em um mundo melhor e regenerado.
O processo de evolução espiritual começa a
partir de certo nível de entendimento e experiências, vivenciadas pelo
Espírito. Somente, a partir desse patamar, pode o homem abrir-se para as
verdades transcendentais.
Hoje, existem milhares de pessoas que
receberam educação moral de diferentes religiões, mas não aceitam o convite de
se melhorarem, pois preferem atender às sensações imediatistas e transitórias
da vida material, numa clara manifestação de egoísmo.
O número de cristãos que segue o Evangelho
ainda é pouco. Em geral, são pessoas que ouvem, leem, falam, interpretam e
pregam as verdades imortais, mas pouco se esforçam para vivenciá-las. Não se
revelam preocupadas com a salvação da própria alma e estão sempre adiando o
momento da transformação espiritual. São criaturas tão absorvidas com o
dia-a-dia que não sentem a necessidade do Evangelho.
Para participar da festa é preciso estar
vestido adequadamente, com o “traje nupcial”, fazendo-se necessário que a
pessoa traga o coração puro, livre de más intenções. A veste de núpcias
simboliza o amor, a humildade, a boa vontade em encontrar a verdade para
observá-la. É preciso que o Espírito seja guiado pelos preceitos do Mandamento
Maior: “amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Os hipócritas, egoístas, orgulhosos, vaidosos,
falsos profetas e falsos cristos, oportunistas e embusteiros, que se mantêm
indiferentes ao sofrimento do próximo, todos eles, serão retirados da festa por
não vestirem o “traje nupcial”.
A tônica dos
ensinos de Jesus é sobre a vida além da morte do corpo físico, a vida que nunca
se acaba, quer o Espírito esteja em mundos materiais, quer esteja em planos
espirituais. Assim, Ele demonstrava como deveria ser o homem para poder um dia
viver no reino de Deus, onde o mal não tem guarida e só o bem existe.
Para isso, o
homem tem de desenvolver todo o seu potencial intelectual e moral, construindo
esse reino de amor e sabedoria dentro de si.
Nesse
aspecto, praticamente todos são chamados para ter acesso à felicidade, que é
atributo dos que têm consciência, pelo livre-arbítrio, e trajam as vestes de
núpcias do amor, da humildade, da boa vontade em encontrar a verdade para
observá-la. É preciso que o Espírito seja guiado pelos preceitos do Mandamento
maior: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
O
livre-arbítrio nos proporciona o poder das escolhas e somos responsáveis por
elas, inclusive pelas consequências e os males que causam aos nossos
semelhantes. Não podemos simplesmente jogar a culpa nos outros ou nas
circunstâncias externas, ou eximindo-nos das nossas responsabilidades.
Importante recordar a lei de causa e efeito.
É o homem que
escolhe aceitar os ensinamentos da Palavra, a semente e o fermento da fé, e
pautar a sua vida sob os princípios da orientação de Jesus.
Duas são as
estradas que se apresentam aos homens: a da evolução e a da degradação. Também
são duas as portas que se abrem à pobre criatura humana: a porta da vida e a
porta da morte.
Aqueles que
caminham pela estrada da evolução, hão de, forçosamente, passar pela porta
estreita que conduz à vida.
A estrada da
evolução é apertada, poucos são os que acertam com ela, mas grande é o número
dos que não querem acertar, pois ouviram dizer que ela é apertada.
A estrada da
degradação é larga, muitos são os que por ela passam e dela não querem sair,
por ser espaçosa e facultar-lhes uma série considerável de diversões.
E estreita a
porta da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem
que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se
resignam. É o complemento da máxima: muitos são os chamados e poucos os
escolhidos.
O chamamento
e a escolha dependem da conduta de cada ser que deseja aproveitar este momento
de vida na Terra para preparar seu futuro espiritual.
Chamados,
todos já fomos, porque depende de Deus. Escolhidos, ainda somos poucos, porque
depende de nós.
Bibliografia:
AUTORES
DIVERSOS. Parábolas de Jesus à Luz da
Doutrina Espírita. 2ª Edição. Juiz de Fora/MG: Fergus Editora, 2019.
BÍBLIA
SAGRADA.
CALLIGARIS,
Rodolfo. Parábolas Evangélicas à Luz
Espiritismo. 11ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2019.
MOURA,
Marta Antunes de Oliveira. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte II.
Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo
do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de Jesus.
28ª Edição. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2016.

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