Parábola da candeia
Parábola
da candeia
A Parábola da candeia
encontra-se nos Evangelhos de Lucas, Mateus e Marcos, que trata da luz e dos esclarecimentos advindos
da Palavra, do Evangelho e dos ensinamentos de Jesus, que não podem ser
escondidos, mas sim divulgados, compreendidos, vivenciados e praticados para
iluminar a si mesmo e a todos em prol da evolução espiritual, do amor ao
próximo, da caridade e da fraternidade universal.
“Ninguém há
que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha
debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a
luz; pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que
não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente.” (Lucas, 8: 16 e 17)
“Ninguém
acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre
o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa.” (Mateus, 5: 15)
“E continuou Jesus: porventura vem a candeia
para se pôr debaixo do módio ou debaixo da cama? Não é antes para se colocar no
velador? Porque nada está oculto senão para ser manifesto; e nada foi escondido
senão para ser divulgado. Se alguém tem ouvidos de ouvir, ouça. Também lhes
disse: Atenta! no que ouvis. A medida de que usais, dessa usarão convosco: e
ainda se vos acrescentará. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem,
até aquilo que pensa ter, ser-lhe-á tirado.” (Marcos, 4: 21-25)
Não se trata de estimular ações de conversão, pregação ou afronta ao
livre-arbítrio dos seres humanos, mas sim da possibilidade de dispor aos
semelhantes a difusão da prática do bem, na observância do amor universal e das
revelações divinas, que trazem verdades imperecíveis.
A candeia da iluminação espiritual é a perfeita imagem de si mesmo, que
transforma as próprias energias em bondade e compreensão redentoras para toda
gente, gastando o óleo de boa vontade, na renúncia a si mesmo e no sacrifício
em Cristo, passando realmente a brilhar.
A Palavra, o Evangelho, os ensinamentos e os exemplos
de Jesus são o eterno combustível que alimenta a chama de iluminação
interior, de conscientização, de despertar e de libertação da alma em cada ser
humano.
Essa iluminação
está ligada à pureza do coração, cuja alma “optou
por seguir Jesus Cristo, acendendo em seu coração os talentos que recebeu do
Pai, com luzes refletoras do caminho que a levará ao Alto” (MENEZES.
Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes).
Ainda, no
Evangelho de Mateus, tem-se: “a candeia
do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu
corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será
tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais
trevas!” (Mateus 6: 22-23).
O Espírito
Áureo, em “Universo e Vida”, esclarece: “É
em razão disso que os ‘filhos da Luz’, isto é, as consciências iluminadas pelo
bem, são sempre mais poderosos do que os ‘filhos da treva’, ou seja, as
consciências ensombrecidas pelo crime. Isto porque as vibrações do pensamento
têm sempre efeitos luminosos, geram luz, e essa luz tem, naturalmente,
frequência, intensidade, coloração, tonalidade, brilho e poder peculiares, de
acordo com a sua natureza, força e elevação. Poder-se-ia dizer que a hierarquia
espiritual se assinala por naturais diferenças de luminosidade, a traduzir
níveis e expressões variadas de elevação, grandeza, potência e saber. (...) Descendo,
porém, à humildade da nossa condição, consideremos que tudo em nosso plano é
relativo e que, dentro das limitações de nossa realidade, a luz do bem é força
divina que o Poder do Alto nos convida constantemente a sublimar e expandir”.
(ÁUREO, Universo e Vida)
Assim, a iluminação
interior é o momento do despertar, da libertação da alma. Cada ser humano é
local de transformação, renovação, fé, cura e evolução espiritual, na batalha
íntima do bem contra o mal.
O “brilhe a
vossa luz” sugere o esforço benéfico, em que os discípulos sejam enobrecidos
por meio de uma existência moralizada, esclarecida e fraterna.
O Evangelho está
para que o ser humano se inunde de suas luzes, se revigore com as suas energias
e enriqueça com os seus ensinos eternos.
As pessoas
conscientes sabem que todo conhecimento destinado à melhoria moral e
intelectual do ser humano não deve permanecer oculto, mas ser amplamente
divulgado.
A candeia
simboliza instrumento de iluminação cuja chama, alimentada pelo óleo que a
abastece, afasta a escuridão reinante.
A candeia
assemelha-se à mente esclarecida e enobrecida de valores morais que afasta as
trevas da ignorância existentes na humanidade.
Espíritos
superiores não mantêm ocultos os conhecimentos que possuem, mas os
disponibilizam a qualquer pessoa.
Em previdente
sabedoria, a providência divina gradualmente revela as verdades, à proporção
que a humanidade vai amadurecendo para recebê-las.
Os homens que
ocultam as verdades são os que colocam a luz debaixo do alqueire.
O oculto será
descoberto um dia e o que o homem não pode compreender será desvendado em
mundos mais adiantados, quando se houver purificado. Na Terra, ele ainda se
encontra em nevoeiro.
Colocando a
candeia no velador, a luz se espalha de maneira uniforme, facilitando a visão
das pessoas. As leis divinas devem ser expostas por aqueles que tiveram a
felicidade de conhecê-las.
Nem todos estão
predispostos a acolher a luz. Por isso, quem mais sabe ou mais possui valores
morais deve irradiar pensamentos, palavras, ações, atitudes e gestos que
atinjam os circunstantes de modo agradável e edificante, como chama abençoada. Sem
o sacrifício da energia não há luz, sendo que a nossa existência é uma candeia
viva.
É erro despender
nossas forças sem proveito para ninguém, na medida do nosso egoísmo, da nossa
vaidade ou limitação pessoal. Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos
semelhantes, pois ninguém deve amealhar vantagens da experiência terrestre
somente para si. Cada Espírito encarnado tem a prerrogativa quanto à difusão do
bem.
O Espírito Cairbar
Schutel, em a Parábola da candeia, esclarece que:
“... a luz é
indispensável à vida material e à vida espiritual. (...) A recomendação feita
na parábola é que a luz deve ser posta no velador a fim de que todos a vejam,
por ela se iluminem, ou, então, para que essa luz seja julgada de acordo com a
sua claridade. Uma árvore má não pode dar bons frutos; e o combustível inferior
não dá, pela mesma razão, boa luz. Julga-se a árvore pelos frutos e o
combustível pela claridade; pela pureza da luz que dá. (...)
No sentido espiritual, que é justamente o em que
Jesus falava, todos os que receberam a luz da sua Doutrina precisam mostrá-la,
não a esconderem sob o módio do interesse, nem sob o leito da hipocrisia. Quer
seja fraca, média ou forte; ilumine na proporção do azeite, do petróleo, do
acetileno ou da eletricidade, o mandamento é: ‘que a vossa luz brilhe diante
dos homens, para que, vendo as vossas boas obras (que são as irradiações dessa
luz) glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus’.” (SCHUTEL. Parábolas e
Ensino de Jesus)
O Espírito Emmanuel, em “A candeia”, na psicografia
de Francisco Cândido Xavier”, recomenda: “Faze a tua viagem na Terra, em
companhia do Amigo celestial, de coração elevado à Vontade divina, de cabeça
erguida na fidelidade à religião do dever bem cumprido, de consciência
edificada no bem invariável e de braços ativos e diligentes na plantação das
boas obras. Não disfarces os teus conhecimentos de ordem superior e aprende a
usá-los, em benefício dos semelhantes e em favor de ti mesmo, porque assim,
ainda mesmo que o sacrifício supremo na cruz se te faça prêmio, entre os
homens, adquirirás na vida eterna a glória de haver buscado a divina ressurreição”.
Pelos valiosos ensinamentos colhidos por meio da
Parábola da candeia, que brilhe a sua luz em benefício próprio e de todos!
Autor: Juan Carlos Orozco
Bibliografia:
AUREO
(Espírito); (psicografado por) Hernani Trindade Sant’Anna. Universo e Vida. 9ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
BÍBLIA SAGRADA.
KARDEC, Allan;
tradução de Guillon Ribeiro. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2019.
MENEZES, Bezerra
de (Espírito), (psicografado por) Alda Maria. Estudando o Evangelho com Bezerra de Menezes.
1ª Edição. Belo Horizonte/MG: Centro Espírita Manoel Felipe Santiago (CEMFS),
2014.
MOURA, Marta
Antunes de Oliveira. Estudo
aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de Jesus – Parte I.
Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas ao estudo
do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF:
Federação Espírita Brasileira, 2016.
SCHUTEL,
Cairbar. Parábolas e Ensino de
Jesus. 1ª Edição. Matão/SP: Gráfica da Casa Editora o Clarim, 1928.

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