Parábola da espiga
“O reino de Deus é como se um homem lançasse a semente à terra, e dormisse, e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, sem ele saber como. A terra por si mesma produz frutos; primeiro a erva, depois a espiga e por último o grão cheio na espiga. Depois do fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.” (Marcos, 4: 26-29)
Essa parábola
de Jesus, de forma alegórica, em poucas palavras, explica o processo evolutivo
para se alcançar o reino Deus em toda a sua plenitude.
Alírio de
Cerqueira Filho, no livro Parábolas Terapêuticas: uma abordagem
psicológica transpessoal-consciencial das Parábolas de Jesus, no capítulo
6: Parábola da espiga, expressa que esta parábola retrata a
trajetória do ser espiritual, da consciência de sono até o despertar
consciencial, em seu processo de evolução, pela prática das virtudes na busca
do reino de Deus, ou seja, evoluir até a plenitude. É assim que se aproxima de
Deus pelo conhecimento da verdade até a angelitude.
Alírio
escreve: “Esse processo de evolução é realizado pelo plantio do bem e
do amor em nossos corações, o que gerará a felicidade plena. Todos nós estamos
encarnados para edificar o Reino de Deus dentro de nós mesmos.”
Em seguida,
para uma melhor compreensão, Alírio esclarece os termos utilizados na passagem
evangélica.
O homem
representa o ser espiritual, encarnado ou desencarnado, compreendendo a
Humanidade inteira, que é convidado a evoluir moral e espiritualmente.
A semente
simboliza a essência divina que somos. A evolução começa a partir dessa semente
divina (da criação do Espírito simples e ignorante), independentemente da sua
vontade, que é criada para se desenvolver, cumprindo o seu destino. A produção
do fruto será resultado de sua ação, sendo que o despertar é um processo
gradativo.
A terra somos
nós, em várias existências sucessivas, para receber a semente divina de forma
consciente. No mesmo sentido, na Parábola do semeador também somos
representados por tipos de solos, ou terras, para receber a semente.
Alírio
explica: “Nessa parábola estamos vendo diferentes símbolos com o mesmo
significado. O homem é um Ser espiritual, encarnado ou desencarnado, que joga a
semente na terra, isto é, nele mesmo.”
Assim, Jesus
ensina que o reino de Deus surge como fruto da ação humana em direção da
própria evolução; da semente lançada no próprio ser, que traz consciência das
leis divinas e das virtudes a serem desenvolvidas.
Alírio
esclarece que na consciência desperta a pessoa tem ciência do seu processo
evolutivo, enquanto na consciência de sono ela não tem, para despertar mais
tarde.
“Jesus diz
que em quaisquer circunstâncias a semente brota e cresce, sem ele saber como
isso acontece. O Mestre simboliza aqui o processo de evolução humana.” (Alírio, pg. 105)
Quando o ser
cai em si, começa a despertar a consciência e evoluir em direção para a vida
eterna, utilizando adequadamente o seu livre-arbítrio.
Importante
frisar que o Espírito imortal, pelo determinismo divino, está destinado à
perfeição em pluralidade de existências. Cedo ou tarde, ele despertará para a
evolução em direção ao eterno bem.
Nesse
contexto, a planta representa o primeiro estágio de evolução, em que o ser está
em consciência de sono, sem dar conta do próprio processo evolutivo. A evolução
acontece de forma passiva, desconhecendo o significado da pluralidade de
existências para progredir. É a fase em que o ser está desenvolvendo o
conhecimento intelectual.
A espiga
representa o início do despertar de consciência, vislumbrando possibilidades de
evolução.
Os grãos que
preenchem a espiga representam a consciência plenamente desperta, na qual o ser
evolui intensamente para a vida eterna. Os grãos na espiga são a fase da vivência
das leis divinas.
A espiga
madura colhida se transforma em alimento aos que têm fome. É o trabalho do ser
consciente desenvolvendo as virtudes do coração, sendo instrumento de Jesus, o
Pão da Vida, para saciar definitivamente a fome e auxiliar os demais a fazerem
o mesmo, produzindo frutos em abundância.
A espiga é
ceifada, doando seus frutos para saciar a fome com o verdadeiro amor.
A Palavra de
Jesus é fonte de todas as transformações, influxo divino que ergue e movimenta
os seres, elevando-os aos cimos mais elevados da espiritualidade.
Com a Boa
Nova, Jesus ensina o caminho que conduz ao reino de Deus e os meios de se
reconciliar com o Pai, ou seja, o caminho para atingir a perfeição seguindo a
senda do bem por meio do amor a Deus e ao próximo.
A conquista
do reino de Deus deve ser o objetivo de todos os seres humanos, mas este reino
ainda não está completamente dentro de nós e tampouco se estabeleceu neste
mundo.
O Mestre
ensina que dia virá em que o reino de Deus será deste mundo. Isso dar-se-á
quando os homens forem regenerados pela verdade na estrada do progresso e da
fé.
Os cidadãos
do reino são aqueles que renasceram, deixam que a palavra divina tenha domínio
sobre suas vidas. Eles seguem o Evangelho e formam, hoje, coletivamente, o
território da nação de Deus.
Agora,
podemos entender que o reino de Deus está em nosso próprio Espírito, quando
aceitamos as leis de Deus e o seu reinado.
Precisamos
começar a semear o reino de Deus dentro de nós, como cidadãos desse reino, para
juntos tornar este planeta, no futuro, uma morada mais digna para as próximas
gerações no caminho da regeneração da Humanidade, acolhendo as oportunidades
abençoadas e pelas ações no sentido de elevarmos as vibrações de todo o orbe
terrestre.
Autor: Juan Carlos Orozco
Bibliografia:
BÍBLIA
SAGRADA.
CERQUEIRA FILHO, Alírio de. Parábolas Terapêuticas: uma abordagem
psicológica transpessoal-consciencial das Parábolas de Jesus. Volume 2. 1ª
Edição. Cuiabá/MT: Editora Espiritizar, 2012.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de
(Organizadora). Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas
de Jesus – Parte I: orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas
direcionadas ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo. 1ª Edição. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.

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